Europeus olvidados na América Latina
- Giovanna Maciel
- 31 de jan. de 2021
- 3 min de leitura
O continente americano pode ser dividido de diversos modos, e um deles consiste em América Anglo-Saxônica e América Latina. O primeiro termo é composto pelo Canadá e Estados Unidos. Do México até a Patagônia, forma-se o conjunto referente ao segundo termo, ou seja, México, todas as ilhas da América Central, Brasil, Argentina, Chile, Bolívia, Peru, Venezuela, Colômbia, Equador, Paraguai e Uruguai. Mas já alguns países menores que acabam sendo esquecidos e que fazem parte da América Latina: Guiana, Suriname e Guiana Francesa.

No mundo, basicamente, o que faz um Estado ficar em evidência é sua riqueza. "Sabendo do sistema de economia global, os três [Guiana, Suriname e Guiana Francesa] têm seu PIB sobre o setor primário, ou seja, agropecuária e extrativismo, e isso no mercado é absurdamente desvalorizado", afirma Rógers Descotte Ribas, geógrafo e orientador educacional, formado pela Universidade Metodista e pós-graduado pela Fundação Santo André.
Levando em conta o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), em 2013, o Brasil estava em 79° no ranking com 0,744. Já o Suriname, em 100º com o IDH de 0,705, e a Guiana Inglesa com 0,608, em 121º. A Guiana Francesa não aparece no ranking, pois é dependente da França. Esta Guiana detém dependência condicional, ou seja, segue as leis rancesas, mas tem autonomia. Os três países aqui em questão estão próximos segundo o IDH por se tratar de países subdesenvolvidos e que, basicamente, dependem do extrativismo e da agropecuária para se manterem ativos na globalização. O Brasil aparece um pouco mais à frente por se tratar de um país em processo de industrialização mais avançado em relação ao Suriname e às Guianas.
Segundo Descotte, o Suriname sobrevive à sombra do Panamá e o escoamento dos produtos que passam no seu famoso canal. Mesmo assim, não tem expressão mundial, pois o volume de exportações é muito baixo. O que "salva" parcialmente os países esquecidos é que eles têm ouro e boa parte da Amazônia Legal. Apesar do metal em reservas, Rógers Descotte diz que isso não gera capital significativo frente ao montante mundial, por isso esses países não conseguem crescer.
Amazônia Legal é o nome dado ao complexo climabotânico. Boa parte é localizada no Brasil, onde é chamada de Floresta Amazônica. Esta faz com que, por exemplo, pesquisadores descubram o princípio ativo na planta localizada na Amazônia Legal e patenteiem a ideia. Parte do lucro do medicamento são royalties – valor pago a uma descoberta, se foi em solo das Guianas, irá para o governo guianês.
Um outro motivo para ser levado em conta o esquecimento da Guiana, Suriname e Guiana Francesa seria seu tamanho territorial. A Teoria do Espaço Vital do geógrafo alemão Friedrich Ratzel (Adolf Hitler levou-a como inspiração) pode ser interpretada como, quanto maior tamanho territorial o país obtiver, mais poderoso será. Os Estados Unidos e a Rússia seguem a teoria, diferentemente do Japão, Cingapura (que são países poderosos, porém com territórios pequenos) e Brasil (territorialmente grande, mas não é uma potência. "Logo, podemos concluir que o fato de ser ou não expressão não pode ser associado com tamanho, mas sim com seu contexto histórico, que o dos país da América do Sul deixam muito a desejar", explica Descotte.
Portanto, nada atualmente está favorecendo a aparição da Guiana, do Suriname e da Guiana Francesa. Para Rógers Descotte Ribas, é difícil algum Estado fazer algo bom para se tornar evidente. É preciso ter uma expressão política ou econômica ou negativa extrema, como miséria ou terrorismo. Portanto, se a economia dos países esquecidos da América Latina começasse a crescer repentinamente, iriam ser lembrados quando fossem citados os países da América Latina.
Principal relação do Brasil com os países esquecidos da América Latina: comércio internacional.
Como funciona: um país compra matéria-prima do outro, enquanto este compra produtos industrializados. Isso é globalização comercial. O Brasil, por ser o maior produtor do Cone Sul (tanto na agropecuária como na industrialização), exporta seus produtos para todos os países vizinhos.
(Matéria escrita em 2015)
コメント