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Crimes hediondos que não tiveram tanta repercussão quanto o Caso Nardoni

  • Foto do escritor: Giovanna Maciel
    Giovanna Maciel
  • 31 de jan. de 2021
  • 26 min de leitura

Atualizado: 14 de fev. de 2021






No final da noite do dia 29 de março de 2008, Isabella Oliveira Nardoni, 5 anos, voltava da casa dos pais de sua madrasta, Anna Carolina Jatobá, em Guarulhos. Isabella adormecera no caminho da residência de seu pai, Alexandre Nardoni, junto com os seus dois meio-irmãos.

Nardoni alega que levou primeiramente a filha mais velha para o apartamento, enquanto a esposa e os filhos deste casamento aguardavam na garagem. Entretanto, de acordo com os laudos do IML (Instituto Médico Legal) e do IC (Instituto de Criminalística), Isabella teria sido lesionada na testa por um objeto pontiagudo. Além disso, a menina teria sofrido esganadura na sala do apartamento, o que teria deixado ferimentos em seus lábios e língua. Por consequência, a criança teria convulsionado, porém não foi socorrida. De acordo com marcas de sangue, pegadas e resquícios de tecido de tela de proteção, foi apontado que Alexandre Nardoni teria cortado a rede da janela do quarto dos meninos e, em seguida, jogado a filha.

Isabella caiu do sexto andar e morreu a caminho do hospital.

O caso Nardoni teve uma imensa repercussão nacional desde o ocorrido até nos dias de hoje. Dez anos após o fato, veículos de comunicação fizeram questão de relembrar o caso que chocou o país. Doze anos depois, ainda saem reportagens sobre os personagens envolvidos. Recentemente, Ana Carolina Oliveira, mãe de Isabella, chamou atenção dos jornalistas ao dar à luz a uma menina.

Uma pesquisa feita em setembro de 2018 indicou que em dez anos foram publicadas mais de 700 reportagens sobre o caso Nardoni e seus envolvidos. Nesta reportagem foram selecionados alguns crimes que envolveram crianças ou pessoas de outras idades, porém, do sexo feminino. Falaremos sobre a repercussão que cada caso teve, com base em reportagens publicadas pelo portal de notícias G1 e pelo veículo de comunicação digital da Folha de São Paulo.


MÃE DE ISABELLA NARDONI FAZ HOMENAGEM À FILHA QUE COMPLETARIA

18 ANOS

A menina foi assassinada aos 5 anos de idade em 2008 e, 12 anos depois, crime ainda é lembrado


Ana Carolina Oliveira faz homenagem à filha Isabella Nardoni, que chegaria à maioridade no dia 18 de abril deste ano.

Em redes sociais, Ana Oliveira disse que havia chegado os tão sonhados 18 anos, e que havia e sempre haverá uma única pergunta: “como seriam? Pergunta que nunca irá calar”.

A mãe da criança continuou: “Mas, hoje sei que o céu está em festa e no plano maior sei e confio que está tudo bem! Sua evolução não parou e sinto que seu crescimento é ainda maior. São doze anos separadas aqui na Terra, mas dezoito unidas em um só coração. E essa união será para todo o hoje e sempre. Que assim seja!”. E completa: “Te amo para além do que imagina, minha eterna pequena”.

A notícia foi dada por diversos veículos de comunicação, entre eles a emissora televisiva SBT e as revistas IstoÉ, Caras e Veja.

Este ano, houve outras notícias do caso Nardoni. Ainda relacionado à mãe de Isabella, dia 26 de fevereiro, Ana Carolina Oliveira deu à luz a uma menina, Maria Fernanda, a segunda filha com o administrador Vinícius Francomano. Miguel, de 3 anos, é o primogênito do casal.

Alexandre Nardoni também foi motivo de notícias recentemente. Em novembro de 2019, declarado como assassino da filha Isabella, Nardoni retorna para o regime semiaberto.

Em maio do ano passado, Nardoni já havia ido para o regime semiaberto, entretanto, foi interrompido na “saidinha” do dia dos pais por decisão da Justiça paulista e a pedido do Ministério Público, para que fizesse um novo exame criminológico, o teste de Rorschach (popularmente conhecido como “teste do borrão de tinta”). O condenado já havia sido submetido a exame anteriormente e lhe foi favorável.

O ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Ribeiro Dantas, concedeu habeas corpus a Alexandre Nardoni para que pudesse retornar ao regime semiaberto. De acordo com Dantas, não havia necessidade do novo exame criminológico.

Anna Carolina Jatobá não é mais alvo de holofotes. A última notícia publicada sobre a madrasta de Isabella foi em maio de 2018, quando ela saiu temporariamente do presídio por conta do dia das mães.

Desde 2008, Anna Jatobá está reclusa em Tremembé (SP) pelo assassinato de Isabella Nardoni. Em 2017, lhe foi concedido o regime semiaberto.


O caso

Isabella Nardoni, 5 anos, foi jogada do sexto andar do prédio onde morava o pai, a madrasta e dois filhos deste casamento, na zona norte de São Paulo.

O pai, Alexandre Nardoni, e a madrasta, Anna Carolina Jatobá, foram acusados como os autores do crime. Conforme exames feitos pelo IML (Instituto Médico Legal) e o IC (Instituto de Criminalística), o pai e a madrasta foram condenados como autores do crime. Ana Jatobá teria ferido e esganado Isabella e, após, Nardoni teria jogado a menina da janela do apartamento.


A repercussão

O caso Nardoni causou um grande impacto no país e teve uma enorme repercussão. Foram mais de 700 reportagens transmitidas pela Globo e publicadas pela Folha de São Paulo, desde 29 de março de 2008 (dia em que ocorreu o crime) até 19 de setembro de 2018. Considerando que no ano seguinte houve diversas mudanças no regime da prisão de Alexandre Nardoni e neste ano Ana Carolina Oliveira chamou a atenção da imprensa com o nascimento da nova filha e com a homenagem à filha mais velha, o número de reportagens atualmente é ainda maior.

Contudo, houve crimes envolvendo crianças que não tiveram a mesma atenção. Devemos considerar os critérios de noticiabilidade, entretanto, casos com crianças, sexo feminino, classe média ou outros crimes hediondos não tiveram a mesma repercussão. Vejamos:


Caso Bernardo Boldrini

Bernardo Boldrini
Bernardo Boldrini (Fonte: Correio24h)

Nos últimos anos houveram dois crimes envolvendo crianças com o nome Bernardo. O caso da vítima cujo sobrenome era Boldrini (fotografia ao lado) ocorreu no dia 6 de abril de 2014, quando Leandro Boldrini procurou a polícia de Três Passos (RS), para registrar o desaparecimento do filho. A criança, que na época tinha 11 anos, havia sido vista pela última vez no dia 4 de abril. No início da tarde daquele dia, a madrasta de Bernardo, Graciele Ugulini, foi multada por excesso de velocidade na ERS-472, quando passava por um trecho entre os municípios de Palmitinho e Tenente Portela. Graciele estava a 117 km/h, indo sentido a Frederico Westphalen, município localizado a 80 quilômetros de distância de Três Passos, onde a família morava. A mulher estava acompanhada do enteado.

Órfão de mãe, Bernardo morava com o pai, a madrasta e a filha do casal de aproximadamente um ano. O menino havia uma relação conturbada com Leandro e Graciele, tanto que chegou a ir sozinho ao Ministério Público, pedindo ajuda e um novo lar para morar. Em vídeos encontrados no celular de Leandro, Bernardo gritava por socorro, discutia com Graciele, que retrucava com ameaças ao menino. Em um dos vídeos, Bernardo pegava um facão e era provocado pelo pai.

Dez dias depois do desaparecimento (14 de abril), Bernardo Boldrini foi encontrado envolto em um saco plástico em uma cova rasa, nas margens de um rio na zona rural de Frederico Westphalen.

Câmeras de segurança de um posto de combustíveis gravaram os últimos momentos de Bernardo. Ele saía da caminhonete da madrasta, acompanhado dela e de uma amiga, Edelvânia Wirganovicz. As duas voltam ao automóvel sem o menino.

Para a polícia, Bernardo foi morto com uma superdosagem de midazolam, um medicamento para insônia. Na bula do remédio, é informado que é contraindicado para uso por crianças, e de acordo com Edelvânia, Graciele deu cinco ou seis comprimidos para Bernardo.

Evandro Wirganovicz, irmão de Edelvânia, teria ajudado as duas mulheres a cavar a cova e enterrar o corpo da criança. Edelvânia disse à polícia que ela e a amiga Graciele teriam jogado soda cáustica no corpo para eliminar provas.

Motivo de tantas notícias também foi a morte da mãe de Bernardo, Odilaine Uglione, que foi encontrada morta no escritório de Leandro, em 2010. Na época, a morte havia sido constatada como suicídio. Entretanto, um laudo elaborado em outubro de 2014 por Eduardo Llanos, perito particular contratado por Jussara Uglione, mãe de Odilaine, indicava que a enfermeira havia sido assassinada e o principal suspeito era o ex-marido, Leandro Boldrini. Em 2016, uma investigação da Polícia Civil declarou que Odilaine Uglione se suicidou.

O caso Bernardo Boldrini teve os autores com o mesmo grau de parentesco com a vítima que o caso Nardoni: pai e madrasta. O G1 fez aproximadamente 380 reportagens até o dia 23 de abril de 2020. Já a Folha, 46.


Caso Bernardo Osório

Bernardo Osório
Bernardo Osório (Fonte: G1)

O segundo caso envolvendo uma criança com o nome de Bernardo ocorreu no dia 29 de novembro de 2019, quando a criança de um ano e onze meses (fotografia ao lado) desapareceu, após o pai, Paulo Roberto Osório, o ter buscado na creche.

Paulo confessou em depoimento à Polícia que teria envenenado Bernardo com três doses de um medicamento controlado (que Paulo fazia uso). Osório dirigiu de Brasília (DF) em direção à Salvador (BA), para “dar um susto” na mãe de Bernardo, Tatiana da Silva. Durante a viagem, Paulo percebeu que a criança estava morta e deixou o corpo nas margens da BR-020, em Palmeiras (BA).

Mensagens de voz enviadas por Paulo à Tatiana demonstrava ódio por ela e pela avó do menino: “Vocês nunca mais vão ver o Bernardo”.

Somente no dia 5 de dezembro, um corpo foi encontrado próximo de onde Paulo Osório descreveu ter deixado Bernardo. Dois dias depois, a Polícia Civil confirmou que o corpo era de Bernardo Osório. A demora para a conclusão foi pelo fato de o corpo estar em um estado avançado de decomposição.

As notícias da criança assassinada pelo pai geraram 27 reportagens do G1 até o dia 20 de abril de 2020. A Folha de São Paulo não cobriu o caso.


Caso João Hélio

João Hélio
João Hélio (Fonte: Revista Claudia)

Na noite do dia 7 de fevereiro de 2007, três ladrões armados anunciaram assalto de um Corsa prata, em Oswaldo Cruz, zona norte do Rio de Janeiro (RJ). A motorista e sua filha de 13 anos saíram do carro, entretanto, João Hélio Fernandes, de 6 anos (fotografia ao lado), ficou preso ao cinto de segurança abdominal do lado de fora do veículo. A mãe do menino tentou tirá-lo do carro, porém os criminosos assumiram a direção, fecharam as portas, e arrancaram em disparada com a criança pendurada.

Testemunhas contaram que moradores gritavam com desespero, porém o carro não parou. Ainda de acordo com depoentes, o veículo andava em ziguezague, com a intenção de se livrar do corpo de João Hélio.

O menino foi arrastado por sete quilômetros. De acordo com policiais, a criança ficou pendurada durante quinze minutos, passando pelos bairros de Oswaldo Cruz, Madureira, Campinho e Cascadura. "Ele deve ter morrido logo no primeiro impacto com o chão ou com a roda traseira do carro", supôs o delegado Hércules Pires do Nascimento, titular da 30ª DP (Marechal Hermes).

Após abandonarem o carro no bairro de Cascadura, os criminosos fugiram pela escadaria da estação de trem. Os quatro participantes do crime tiveram condenações de 39 a 45 anos de reclusão.

O G1 publicou aproximadamente 297 reportagens sobre o caso João Hélio, e a Folha de São Paulo publicou cerca de 70.


Caso Eloá

Eloá Pimentel
Eloá Pimentel (Fonte: Aventuras na História)

No dia 13 de outubro de 2008, Eloá Cristina Pimentel, 15 anos, elaborava um trabalho escolar em seu apartamento em Santo André (SP) com dois colegas e uma amiga próxima, Nayara Rodrigues da Silva. O ex-namorado de Eloá, Lindemberg Fernandes Alves, 22, invadiu a residência armado, com a intenção de obrigar a adolescente a reatar o namoro com ele. Ali se iniciava o que considerou o site de curiosidades Aventuras na História como “o mais longo sequestro em cárcere privado da história de São Paulo”. Lindemberg ameaçava matar os estudantes e se suicidar em seguida.

Após negociações com o Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais), o entregador de pizzas libertou os dois colegas de Eloá em 13 de outubro, e Nayara no dia seguinte.

De vez em quando, Eloá (fotografia acima) saía na janela para mostrar que estava viva e bem. Estes momentos eram transmitidos pela Rede Globo, Record e RedeTV!.

No dia 16, a Polícia Militar orientou que Nayara voltasse ao cativeiro para negociar com o sequestrador. A polícia teria feito um trato com Lindemberg, em que as amigas se encontrariam na frente do apartamento e saíram em segurança em direção aos policiais. Entretanto, o homem não cumpriu com o combinado. Lindemberg obrigou Nayara a entrar na residência, e a fez novamente de refém. Para muitos, a volta de Nayara no imóvel foi considerada o maior erro do Gate.

No dia seguinte, o sequestrador empurrou uma mesa contra a porta. A PM assemelhou o barulho com o de um disparo de uma arma de fogo, e foi quando o Gate explodiu uma bomba instalada na porta e invadiu o cativeiro. Em resposta, Lindemberg atirou no rosto de Nayara, e Eloá foi baleada na cabeça e na virilha.

Eloá faleceu no dia seguinte por morte cerebral, e seus órgãos foram doados. Nayara sobreviveu.

As negociações do Gate com Lindemberg Alves duraram cem horas, e foram transmitidos por veículos televisivos, muitas vezes ao vivo.

O sequestrador foi julgado em 2012. Ele admitiu ter atirado em Eloá e Nayara, porém afirmou que foi por ter se assustado com o barulho da bomba e não teve a intenção de balear as adolescentes.

Lindemberg foi condenado a 98 anos e dez meses de prisão por 12 crimes, entre eles um assassinato, duas tentativas de homicídio (contra Nayara e um policial militar), quatro cárceres privados e disparos de arma de fogo. Entretanto, a Justiça diminuiu sua pena para 39 anos. O assassino de Eloá está preso em Tremembé (SP).

O G1 publicou 254 reportagens, e a Folha aproximadamente 264.


Caso Kauã e Joaquim

Kauã e Joaquim
Kauã e Joaquim (Fonte: G1)

Na madrugada do dia 21 de abril de 2018, o quarto de Joaquim, 3 anos, e Kauã, 6 (fotografia ao lado), pegou fogo. O pastor Georgeval Alves, pai e padrasto das crianças, tentou entrar no quarto, entretanto, não foi possível, pois a porta estava fechada por conta do ar condicionado ligado. Era deduzido que o equipamento havia entrado em curto circuito. As crianças não sobreviveram ao incêndio.

Após exames periciais na residência da família em Linhares (ES), foi descoberto que esta versão (contada por Georgeval) não procedia. De acordo com a polícia, Georgeval estuprava as crianças e, naquela noite, as agrediu. Com os meninos ainda vivos, porém desacordados, o pastor os levou para as camas e os ateou fogo. A pastora Juliana Salles, mãe das crianças, estava em um congresso em Teófilo Otoni (MG) com o filho mais novo do casal naquele dia.

Juliana foi denunciada pelo Ministério Público por omissão. Segundo o órgão, Juliana sabia que as crianças corriam riscos ficando sozinhas com Georgeval. Mensagens trocadas entre o casal comprovam que a pastora sabia que o esposo "tinha comportamento sexual incompatível com a sua 'pregação'". Juliana escreveu que tinha "nojo" e Georgeval disse que se sentia "imundo" e "um lixo".

Foi do juiz André Dadalto, da 1ª Vara Criminal de Linhares, a ordem de prender Juliana Salles. De acordo com a decisão judicial, a pastora tinha conhecimento dos “supostos abusos sexuais”, e que ela e Georgeval tinham planos de utilizar da morte dos filhos para se promover na igreja. “O pastor George, em parceria com a pastora Juliana, buscava uma ascensão religiosa e aumento expressivo de arrecadação de valores por fiéis e, para esta finalidade, ceifou a vida dos menores Kauã e Joaquim para se utilizar da tragédia em seu favor”, afirmou a decisão.

De acordo com uma reportagem do G1 em abril deste ano, o julgamento do caso ainda não havia previsão de quando iria ocorrer.


Caso Vitória Gabrielly

Vitória Gabrielly
Vitória Gabrielly (Fonte: Veja)

Vitória Gabrielly Guimarães Vaz (fotografia ao lado), de 12 anos, saiu para andar de patins por volta das 13:30 no dia 8 de junho de 2018, em Araçariguama (SP). Porém, quando a mãe chegou em casa no final da tarde, não encontrou a menina. Câmeras de segurança registraram Vitória Gabrielly andando de patins próximo ao ginásio de esportes da cidade, localizado no bairro Vila Nova.

No dia seguinte, a família procurou a polícia para registrar o desaparecimento. Somente oito dias depois, em 16 de junho, o corpo da menina foi encontrado em uma mata às margens da Estrada de Aparecidinha, uma via de terra no bairro Caxambu. O corpo estava a cerca de quinze metros de distância de onde passam veículos.

De acordo com a polícia, Vitória Gabrielly estava com os pés e as mãos amarrados com os cordões dos patins, e o corpo amarrado a uma árvore. A menina vestia as mesmas roupas de quando desapareceu e os patins estavam próximos ao corpo.

Segundo análises no corpo, foi indicado que Vitória foi morta no mesmo dia em que desapareceu. De acordo com o IML (Instituto Médico Legal), a menina tentou se defender antes de ter sido morta, pois havia “lesões de defesa e marcas de contenção, que sugerem que a vítima foi contida por instrumento contundente”. O laudo também indicou que a causa da morte foi por “asfixia mecânica por estrangulamento” provocada por um “mata-leão”, por haver lesões internas na musculatura do pescoço.

Pelo estado avançado de decomposição do corpo, não foi possível confirmar se houve abuso sexual. De acordo com os exames, a adolescente não teria ingerido medicações ou drogas.

O IML declarou que a morte de Vitória foi por “meio cruel”. Na época, Marcelo Carriel, delegado seccional de Sorocaba, afirmou que o estado do corpo indicava violência, o que poderia caracterizar o crime como uma vingança. Tempos depois, a polícia apurou que Vitória havia sido sequestrada para que uma dívida de drogas fosse quitada, entretanto, não era a pessoa correta. A adolescente teria sido assassinada após descobrirem que haviam cometido um engano.

Em outubro de 2019, quando saiu a última notícia, Odilan Alves, 36, confessou que comandava o tráfico de drogas na região de Araçariguama, apesar de ser residente de Itapevi (SP). Odilan era o suposto mandante do crime, de acordo com as características dadas por uma testemunha protegida. Na época da reportagem, o inquérito ainda seria finalizado.

Júlio Cesar Ergesse, servente de pedreiro, foi condenado a 34 anos de prisão, por homicídio (motivo torpe, meio cruel e recurso que impossibilitou a defesa), ocultação de cadáver e sequestro. Ele havia confessado ser usuário de drogas e estar com Vitória e mais um casal em um carro. O casal Mayara Abrantes e Bruno Oliveira estavam sendo acusados, porém não havia uma data definida para o julgamento.

O caso Vitória Gabrielly teve mais de cem reportagens feitas pelo G1 até abril de 2020, e 28 pela Folha de São Paulo.


Caso Tatiane Spitzner

Tatiane Spitzner
Tatiane Spitzner (Fonte: Correio do Cidadão)

Após uma festa no dia 22 de julho de 2018, a advogada Tatiane Spitzner, 29, (fotografia ao lado) e o esposo Luis Felipe Manvailer, 32, foram ao edifício em que moravam, em Guarapuava (PR). As câmeras de segurança espalhadas pelo condomínio registraram todos os momentos antecedentes a entrada do casal no apartamento.

Desde a chegada do automóvel do casal em frente ao prédio até a ida deles no hall do apartamento (garagem e elevador), Tatiane foi agredida por Luis Felipe, com tapas, chutes, puxões de cabelo e sacudidas na cabeça. A advogada tentou fugir diversas vezes: na garagem, o esposo correu atrás dela; e no elevador, ele a pressionava contra as paredes; e na tentativa da mulher sair do elevador quando chegou ao térreo, Luis Felipe puxou a mulher de volta à força e a sacudiu violentamente. Ao chegar no quarto andar, cujo se localizava o apartamento do casal, Tatiane se recusou a sair. Luis usou a força novamente e tirou a mulher do elevador. Ela cai, e quando se levanta novamente, ele a empurra. 15 minutos depois, a câmera de segurança registra o corpo de Tatiane caindo na calçada. Após três minutos, Luis Felipe pega o corpo e leva de volta ao apartamento. Em seguida, volta ao elevador para limpar as manchas de sangue, entretanto, vestia outras roupas. Na segunda vez em que retorna ao elevador, Luis Felipe vai até a garagem e foge com o carro de Tatiane.

O homem foi preso há cerca de 300 km de Guarapuava (PR), quando sofreu um acidente de carro. De acordo com a polícia, Luis Felipe tentava chegar ao Paraguai.

Amigos e familiares de Tatiane Spitzner relatam que ela vivia um relacionamento abusivo, em que sofria agressões do marido, que era faixa roxa no jiu-jitsu. De acordo com a Confederação Brasileira de Jiu-Jitsu (CBJJ), na hierarquia, a faixa roxa antecede a marrom, e em seguida a preta. Portanto, o atleta deve ter experiência para conquistar tal graduação.

As últimas reportagens do caso foram publicadas em janeiro deste ano. Elas noticiaram sobre a redução das acusações contra Luis Felipe Manvailer, entretanto, ele continua sendo suspeito de ter jogado Tatiane, mesmo que a defesa afirme que foi suicídio.

Até abril deste ano, o G1 publicou mais de noventa reportagens e a Folha somente seis. Segundo o portal da Rede Globo, o caso também foi noticiado pelo jornal americano The New York Times.


Caso Liana e Felipe

Liana Friedenbach e Felipe Caffé
Liana Friedenbach e Felipe Caffé (Fonte: Wikipédia)

Em comemoração aos dois meses de namoro, em novembro de 2003, os paulistas Liana Friedenbach, 16, e Felipe Silva Caffé, 19, combinaram de ir acampar próximo a um sítio abandonado em Embu-Guaçu (Grande São Paulo). Entretanto, omitiram aos pais, com receio de que não permitissem a viagem. Felipe não disse com quem iria, portanto, a mãe supôs que seria com amigos, como de costume; já Liana contou que iria à Ilhabela (litoral de São Paulo) com um grupo de jovens da Congregação Israelita Paulista.

De classe média-alta, o casal chamou atenção dos moradores da região quando chegaram, principalmente de Roberto Aparecido Alves Cardoso, o Champinha. O adolescente de 16 anos não havia finalizado o ensino fundamental I, e havia sido acusado de assassinar um morador de rua, porém, nunca foi comprovado. Além disso, Champinha era conhecido na cidade como agressivo.

Champinha e seu colega, Paulo César da Silva Alves (conhecido como Pernambuco), decidiram assaltar o casal no dia 1 de novembro. Ao perceber que os adolescentes não portavam muito dinheiro, resolveram sequestrá-los. Os criminosos levaram Liana e Felipe (fotografia acima) para a residência de Antonio Matias de Barros, onde serviria de cativeiro. A estudante informou que era de uma família rica e sugeriu que solicitassem um resgate em troca da libertação dos dois.

À noite, Pernambuco violentou sexualmente Liana, enquanto Felipe estava em outro quarto. Na manhã seguinte, os criminosos decidiram que Felipe não era importante no sequestro. Os estudantes foram obrigados a caminhar em uma trilha. Em um ponto, Champinha ficou com Liana, enquanto Pernambuco seguiu com Felipe. O adolescente foi assassinado com um tiro na nuca. Liana não chegou a ver o ato, porém ouviu o disparo. Pernambuco fugiu para São Paulo após o crime.

Em seguida, a estudante foi levada por Champinha para o segundo cativeiro, a residência de Antônio Caetano da Silva. Lá, Champinha a estuprou pela primeira vez.

No terceiro dia de sequestro, Ary Friedenbach descobriu que a filha tinha ido acampar com Felipe. Supondo que o casal teria se perdido, Ary acionou o COE (Comando de Operações Especiais), que iniciou as buscas pelos estudantes. No mesmo dia, foi localizado o local do acampamento, onde foi encontrado o celular e a carteira de Liana, e as roupas dos adolescentes.

Antônio Silva levou um colega para o cativeiro, Agnaldo Pires. Campinha apresentou Liana como sua “namorada”, e a ofereceu para os comparsas, que a estupraram.

A estudante foi levada novamente para o seu primeiro cativeiro, na casa de Antonio Barros.

O irmão de Champinha foi procurá-lo, pois a mãe estava preocupada com o tempo em que o adolescente não havia aparecido em casa, e avisou que na cidade estava tendo movimentações de policiais. Champinha apresentou Liana para o irmão como sendo sua namorada novamente, e avisou aos comparsas que levaria a estudante para a rodoviária. Entretanto, não cumpriu. Durante a madrugada do dia 5 de novembro, Champinha levou a adolescente para uma mata fechada, a mesma em que Felipe foi assassinado. O criminoso tentou degolar Liana com uma faca. Com o fracasso, Champinha a esfaqueou nas costas diversas vezes, mas a matou de traumatismo craniano com uma facada na cabeça.

O corpo dos estudantes foi encontrado somente no dia 10 de novembro.

Todos os participantes do crime foram condenados a prisão. Champinha foi sentenciado a três anos de Fundação Casa. Em 2006, o IML (Instituto Médico Legal) diagnosticou o criminoso com transtorno de personalidade antissocial (termo médico utilizado também para psicopata) e leve transtorno mental. De acordo com o laudo, a doença faz com que Champinha não sinta culpa, desrespeite as leis e as regras sociais, sendo propenso a se envolver em atos violentos, e ser extremamente impulsivo. Assim, o Ministério Público Estadual (MPE) afirmou que o criminoso põe em risco outras pessoas, e solicitou a Justiça a extensão da pena. Desde então, Champinha foi transferido para a Unidade Experimental de Saúde (UES).

Até abril de 2020, o G1 publicou 68 reportagens sobre o caso Liana e Felipe. A Folha, 44.


Caso Cara Marie Burke

Cara Marie Burke
Cara Marie Burke (Fonte: G1)

Mohammed D'Ali Carvalho dos Santos, de 21 anos, contou que conheceu a inglesa de 17 anos, Cara Marie Burke, em Londres, Inglaterra, durante uma festa em 2006. Ela tinha interesse em conhecer o Brasil, por isso foi morar com Mohammed, em Goiânia (GO). De acordo com ele, Cara Marie morou dois meses com ele, retornou a Londres, depois voltou a morar com Mohammed durante duas semanas, e depois saiu para morar com o namorado, que era policial da ROTAM (Rondas Ostensivas Táticas Metropolitana). Ele afirmou ainda que a inglesa era usuária de maconha e cocaína, e que fazia pequenos furtos na cidade para comprar roupas e fazer “bagunça”.

Mohammed contou à Justiça que, no dia 26 de julho de 2008, iniciou o assunto Cara Marie dizendo que queria voltar a morar com ele, e lhe pediu dinheiro, porém ele negou. Mohammed teria jogado cocaína na mesa e a inglesa teria dito que “para droga [ele] tinha”. Cara Marie (fotografia acima) ligou para o namorado, para “buscar a droga dela e fazer um dinheiro com a droga”. Entretanto, Mohammed tapou a boca da adolescente e começou a esfaquear suas costas, com uma faca que usaria para cortar a pedra da cocaína, segundo ele. Cara Marie foi esfaqueada em diversas partes do corpo, o que causou sua morte.

Após, Mohammed tomou banho e foi para uma festa. O esfaqueamento ocorreu aproximadamente às 17h do sábado, e o brasileiro retornou ao apartamento somente às 10h do domingo, com uma faca que comprou em um mercado. Mohammed esquartejou a vítima, e colocou o tronco em uma mala – jogada às margens do Rio Meia Ponte, em Goiânia –, e os membros em outra – jogados no Córrego Sozinha, localizado entre os municípios de Leopoldo de Bulhões e Bela Vista de Goiás.

De acordo com a promotoria, o motivo do crime foi que Mohammed queria se casar com Cara Marie para ter cidadania inglesa. Entretanto, ele afirma que era somente amigo da inglesa e que nunca namorou ou teve relações sexuais com ela.

No dia 14 de maio de 2009, Mohammed confessou o crime e o contou em detalhes para o juiz Jesseir Coelho de Alcântara, responsável pelo Tribunal do Júri de Goiânia. Naquele dia, Mohammed D'Ali Carvalho dos Santos foi condenado a 21 anos de prisão pelo assassinato, esquartejamento e ocultação de cadáver.

A última matéria sobre o caso foi publicada no dia 11 de fevereiro de 2016 pelo G1. De acordo com o veículo, o assassino da inglesa Cara Marie Burke morreu no presídio. Segundo a Superintendência Executiva da Administração Penitenciária (Seap), Mohammed se sentiu mal e foi atendido pelo serviço de saúde da unidade prisional. O Corpo de Bombeiros foi acionado, porém foi constatado que já estava morto.

O G1 publicou 61 reportagens sobre o caso, enquanto a Folha de São Paulo reportou somente 15.


Caso “Sílvia Calabresi”

Lucélia Rodrigues da Silva, caso Sílvia Calabresi
Lucélia Rodrigues da Silva, atualmente (Fonte: Rede Record)

Um dos únicos casos nesta reportagem que é intitulado com o nome do agressor, e não da vítima. De acordo com a polícia, Joana d’Arc da Silva teria entregue a filha Lucélia Rodrigues da Silva (fotografia ao lado), na época com 12 anos, à ex-empresária Sílvia Calabresi Lima em troca de dinheiro. Entretanto, de acordo com investigações posteriores, Lucélia teria ido morar com Sílvia para estudar.

Após uma denúncia anônima de um vizinho de Sílvia, em março de 2008, Policiais da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) foram à residência de Sílvia, em um bairro nobre de Goiânia (GO), e encontraram Lucélia amordaçada e acorrentada a uma escada na área de serviço do apartamento.

Foi apurado que a adolescente, fazia todas as tarefas domésticas, além de sofrer agressões diariamente. Lucélia também era torturada com instrumentos como alicate, que mutilaram sua língua, deixando deformidades graves e permanentes. Em algumas ocasiões, Sílvia colocava pimenta na boca, nariz e olhos da menina. Além disso, frequentemente Lucélia era privada de comer durante dias.

Segundo investigações, a adolescente morou com Sílvia durante dois anos.

A ex-empresária foi condenada a quase quinze anos de prisão. Entretanto, recentemente foi para o regime semiaberto por bom comportamento.

Além de Silvia, a empregada dela, Vanice Morais, também foi condenada por participação no crime. O esposo de Sílvia, Marco Antônio Calabresi, havia sido condenado por omissão, porém, por ter bons antecedentes e por outros motivos, a pena foi substituída por serviços à comunidade. O filho da ex-empresária, que também havia sido indiciado por omissão, foi absolvido.

O G1 noticiou aproximadamente 37 vezes sobre o caso, e a Folha publicou 18 reportagens.


Caso Rhuan Maicon

Rhuan Maicon
Rhuan Maicon (Fonte: G1)

No dia 1 de junho de 2019, uma mala com um tronco de um corpo foi encontrada em Samambaia (DF) por moradores da região em um bueiro. Seriam de Rhuan Maicon da Silva Castro, 9 anos (fotografia ao lado). A mãe, Rosana Auri da Silva Cândido, 27, e a companheira, Kacyla Pryscila Santiago Damasceno Pessoa, 28, confessaram a autoria do crime.

O casal atacou a criança com onze facadas nas costas e duas no peito, que atingiram o coração. Após, o corpo foi esquartejado e o casal tentou queimá-lo em uma churrasqueira. Sem sucesso na tentativa de carbonizar o corpo, Rosana e Kacyla colocaram o torço do corpo em uma mala e jogaram em um bueiro. Os membros foram divididos em duas mochilas, que seriam descartadas posteriormente, entretanto, a primeira mala foi encontrada antes que o fizessem. Além disso, Rhuan foi decapitado pela mãe ainda vivo. O pênis e os testículos da criança foram decepados.

A família era de Rio Branco (AC), porém Rosana fugiu com o filho para Samambaia (DF) após a guarda da criança ter sido concedida ao pai. O mesmo aconteceu com Kacyla e sua filha, de 9 anos, que presenciou o crime. Contudo, Rosana afirmou ter assassinado o filho por vingança ao pai e aos avós paternos da criança.

O caso Rhuan Maicon teve 28 reportagens publicada pelo G1, e seis pela Folha.


Caso Ísis Helena

Ísis Helena
Ísis Helena (Fonte: G1)

De acordo com o primeiro depoimento da mãe, Jennifer Natalia Pedro, a bebê de um ano e dez meses, Ísis Helena (fotografia ao lado), foi dormir às 4h da manhã do dia 2 de março deste ano em um colchão no chão, junto dela. Pela manhã, Jennifer saiu com a mãe e deixou a bebê Ísis com o avô, que tem suspeitas de Alzheimer.

Ao retornar ao imóvel, em Itapira (SP), Jennifer alega que a porta estava aberta e que a criança havia desaparecido. Ísis Helena nasceu prematura, com microcefalia e fazia uso de medicamentos controlados.

No dia 17 de abril, a Polícia Civil decretou a prisão temporária para Jennifer Natalia Pedro.

Buscas foram feitas por familiares e equipes de resgate. Cães farejadores e mergulhadores foram acionados, entretanto, a bebê não havia sido encontrada.

Após a reclusão, a mãe da criança desaparecida mudou sua versão. Jennifer contou à polícia que a filha estava doente, e que naquela noite, deu mamadeira a ela e a colocou para dormir de barriga para cima. No dia seguinte, teria encontrado a criança morta asfixiada com o alimento. Jennifer teria ficado com medo e decidiu jogar o corpo da bebê no rio.

Posteriormente, a mãe da criança contou que enterrou o corpo.

A prisão preventiva de Jennifer foi decretada no dia 24 de abril. Ela confessou o crime.

O corpo de Ísis Helena foi encontrado pela Polícia Civil no dia 29 de abril, quase dois meses após o crime. O cadáver estava enterrado em uma área do bairro Duas Pontes, em Itapira (SP).

Até o final de maio deste ano, foram publicadas 21 reportagens pelo G1. A Folha de São Paulo não informou sobre o caso.


Caso Araceli

Araceli
Araceli (Fonte: CliqueF5)

Araceli Cabrera Sánchez Crespo (fotografia ao lado), 8 anos, costumava sair da escola em Vitória (ES) e ir sozinha para casa em Vila Velha, município próximo da capital. Após alguns atrasos para chegar em casa, Lola Cabrera Crespo, mãe de Araceli, pediu à diretora da escola que a menina saísse pouco mais cedo para não perder o ônibus novamente. Em 18 de maio de 1973, sexta-feira, o primeiro dia em que sairia mais cedo da escola após permissão da diretora, Araceli não voltou para casa.

Segundo Lola, no final de semana, não foi possível fazer nada; somente na segunda-feira (21) iniciou-se as buscas pela menina. Seis dias depois (24 de maio), um adolescente, que caçava passarinhos, encontrou um corpo em um terreno atrás do Hospital Infantil Menino Jesus. O corpo estava desfigurado e em um estado avançado de decomposição; o pai somente reconheceu que era a filha Araceli pelo formato das mãos e por uma mancha de nascença na perna. De acordo com os peritos, a causa da morte foi por intoxicação e asfixia, apesar de Araceli ter sofrido abuso sexual, sujeita a uso de entorpecentes e espancada. O queixo estava deslocado e foram encontradas mordidas por todo o corpo da menina, inclusive nas genitálias e nos seios. Na tentativa de desfigurar a criança, lhe foi jogado ácido.

De acordo com o promotor do caso na época, os maiores suspeitos eram membros das famílias mais ricas e influentes da cidade de Vitória (ES), Dante de Barros Michelini (Dantinho), Dante de Brito Michelini (pai de Dantinho) e Paulo Constanteen Helal.

No primeiro julgamento do caso, que ocorreu somente em 1980, o juiz Hilton Sily condenou Dantinho e Paulo Helal a 18 anos de reclusão e a pagarem uma multa de Cr$18 mil. Dante Michelini foi condenado a cinco anos pela participação no cárcere privado. O juiz afirmou que havia sido provada a materialidade e a autoria do crime. Entretanto, os acusados recorreram, e o Tribunal da Justiça do Espírito Santo (TJES) anulou a sentença. O juiz Paulo Copolillo assumiu o caso. Após cinco anos de análise, o juiz escreveu uma sentença de mais de 700 páginas em que inocentava os Michelini e Helal pela falta de provas. O processo foi arquivado pela Justiça.

De acordo com a ferramenta de busca Google, há somente vinte matérias publicadas pelo G1 e quatro pela Folha de São Paulo até o mês de abril. Entretanto, devemos considerar a época em que o caso ocorreu, onde a internet não era acessível e eram poucas as notícias que eram publicadas também na web. Confirmando a repercussão do caso, em 17 de maio de 2000 foi criada a Lei Federal nº 9.970, que instituiu o dia 18 de maio como o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes; além do nome de Araceli ter sido homenageado ao nomear bairros e uma operação policial contra abuso e exploração sexual de crianças.


Caso Ives Ota

Ives Ota
Ives Ota (Fonte: Aventuras na História)

Em 29 de agosto de 1997, o motoboy Adelino Donizete Esteves (inicialmente identificado como Silvio da Costa Batista) tocou a campainha de uma residência na Vila Carrão, zona leste de São Paulo, alegando que tinha uma entrega de flores. Uma cuidadora de crianças atendeu à porta e Adelino anunciou um assalto, apontando-lhe uma arma de fogo. O motoboy questionou qual das crianças era o filho do comerciante Masataka Ota, e o sequestrou.

De acordo com o juiz da 17ª Vara Criminal de São Paulo, José Luiz de Carvalho, o mentor do sequestro foi Paulo de Tarso Dantas, ex-policial militar e ex-segurança de Masataka. A intenção do ato era extorquir do empresário R$80 mil.

No dia seguinte, a vítima Ives Ota, de 8 anos (fotografia acima), reconheceu Dantas, o que foi o motivo de sua morte. Adelino teria dado à criança um copo de achocolatado com calmante. Depois de colocar o menino na cova cavada abaixo da cama de sua filha, Adelino teria dado dois tiros contra o rosto de Ives, a mando de Dantas.

Outro policial militar, Sérgio Eduardo Pereira de Souza, também era segurança de Masataka e participou do crime. Entretanto, para o juiz, somente Dantas tinha conhecimento da rotina do comerciante.

O motoboy Adelino foi preso quando telefonava de um orelhão para a família Ota, solicitando o resgate. Ele confessou ter sequestrado a criança, porém acusa os PMs pelo assassinato.

O corpo de Ives foi encontrado no dia seguinte ao sequestro.

Paulo de Tarso Dantas e Sérgio Eduardo Pereira de Souza foram condenados a 43 anos de prisão por sequestro seguido de morte. Adelino Donizete Esteves foi indiciado a 45 anos de reclusão pelo sequestro, ocultação de cadáver, falsidade ideológica e falsa identidade. Contudo, de acordo com a Folha de São Paulo, “a Constituição diz que ninguém pode ficar preso por mais de 30 anos”.

De acordo com a ferramenta de buscas Google, o G1 publicou seis reportagens sobre o caso, e a Folha 24. Entretanto, devemos novamente considerar a época em que o caso ocorreu.


Caso "Alexandre Alvarenga"

Para-brisa da caminhonete quebrado com o impacto da criança
Para-brisa quebrado com o impacto (Fonte: G1)

Outro caso aqui que é intitulado com o nome do agressor. O nome da vítima mais nova e mais grave não foi divulgado.

Após um acidente de trânsito em 2 de fevereiro de 2003, em Campinas (SP), o produtor artístico Alexandre Alvarenga arremessou seu filho de um ano contra o para-brisa de uma caminhonete em movimento (Fotografia 15). O bebê caiu no colo do motorista do veículo.

Em seguida, Alexandre e a esposa, Sara Maria Rosolen Alvarenga, correram para um bosque com a filha, Alessa Rosolen Alvarenga, de 6 anos. O casal bateu a cabeça da criança contra uma árvore.

A menina teve ferimentos leves. Depois do hospital, foi levada para a casa dos avós maternos. O bebê teve traumatismo craniano e chegou a ficar em coma, mas saiu do hospital após 16 dias e também foi levado à residência dos parentes. O casal foi preso em flagrante.

O advogado dos músicos, Luiz Henrique Cirilo, alegou que eles tiveram um surto psicótico quando agrediram os filhos.

De acordo com o psiquiatra Albert Zeitouni, são raros os surtos psicóticos que envolvem duas pessoas ao mesmo tempo, entretanto, há registros na literatura médica. Zeitouni afirmou que, caso tenha acontecido com o casal, era necessário que passassem por tratamento.

No dia 5 de fevereiro, o casal já estava internado no Hospital Celso Pierro, em Campinas (SP).

O chefe do Centro do Serviço de Psiquiatria do hospital, Renato Marchi, após examinar os agressores, constatou que o casal tinha consciência parcial dos atos e precisavam de acompanhamento psiquiátrico. O profissional disse ainda que eles tinham flashes do que aconteceu naquele dia.

Em uma reportagem da Folha de São Paulo que saiu três dias após o crime, foi informado que no inquérito enviado pela delegada titular do 3º Distrito Policial de Campinas, Iara Eli Marques da Silva (cuja investigou o caso) Alexandre e Sara estavam indiciados por tentativa de homicídio.

Um juiz substituto de Campinas (SP), após receber um parecer do Ministério Público, decidiu condenar os músicos à prisão, por dupla tentativa de homicídio qualificado. Alexandre foi encaminhado para o Centro de Detenção Provisória de Campinas; e Sara foi levada à cadeia feminina de Valinhos (SP). Os dois estavam isolados para não serem agredidos por outros detentos.

Um exame médico feito no Hospital Celso Pierro, em que o casal estava internado, apontou que havia vestígios de cocaína no sangue de Alexandre e Sara. Apesar disso, não foi possível concluir se estavam sob efeito de drogas no momento das agressões. O promotor responsável pelo caso, Marcos Tadeu Rióli, informou que este laudo concluiu que o casal não apresentava distúrbios mentais. Rióli qualificou o crime como hediondo.

No dia 24 de abril, Sara teve seu pedido de habeas corpus concedido e responderia em liberdade. A cantora foi para a casa dos pais, onde estavam as crianças agredidas.

Dois anos depois, em 1 de abril de 2005, Alexandre Alvarenga e a esposa foram considerados portadores de problemas mentais e foram absolvidos. Portanto, o casal não responderia criminalmente pelo ocorrido.

Em julho de 2006, Alexandre foi internado em um hospital psiquiátrico em Franco da Rocha (Grande São Paulo). Porém, dois anos depois, a Vara de Execuções Criminais do Estado concedeu sua liberdade.

O G1 e a Folha de São Paulo, juntos, publicaram oito reportagens sobre o caso.



Não cabe a este trabalho (cujo é uma reportagem) a análise dos critérios de noticiabilidade que gerou tal repercussão para cada situação; cabe somente o levantamento de casos que podem haver um ou mais critérios em comum com o caso Nardoni.

Entretanto, é possível observar que, dentre os citados, dos cinco crimes com maior repercussão, quatro deles o agressor tinha um envolvimento próximo com a vítima. Bernardo Boldrini, Bernardo Osório e os irmãos Kauã e Joaquim foram mortos pelo pai; Eloá pelo ex-namorado. Tal como o caso Nardoni.

Tatiane Spitzner não teve tanta repercussão quanto os anteriores, porém o agressor havia afetividade com a vítima. Apesar de Tatiane ser de classe média, já era uma adulta, diferentemente dos citados. É provável que João Hélio tenha tido uma repercussão maior por ter seis anos na época do crime.

O caso Vitória Gabrielly aconteceu em 2018, tal como o de Tatiane. Apesar do agressor da menina dos patins não ter relação anterior com ela, Vitória tinha 12 anos, enquanto Spitzner faleceu com 29.

É possível fazer outras comparações entre os casos citados. Contudo, nenhum deles teve uma repercussão semelhante ao de Isabella. A menina de 5 anos que foi jogada do sexto andar pelo pai e com participação da madrasta (que dizia amá-la), e com a possível presença dos irmãos.


("Reportagem sobre o tema do TCC", escrito em maio de 2020)

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