Resenha do filme “A informante”
- Giovanna Maciel
- 31 de jan. de 2021
- 2 min de leitura

Baseado em histórias reais, o filme retrata o acontecimento envolvendo as Nações Unidas. A policial Kathryn Bolkovac (Rachel Weisz), após um embaraçoso divórcio, aceita ir à Bósnia para uma missão de paz. Ao chegar, é apresentado diversos casos, um deles é referente a violência doméstica. Os demais policiais ali presentes ignoraram o caso com a justificativa de que “ela mereceu” o ocorrido, afinal, a vítima era muçulmana. Comovida, Bolkovac aceita investigar o caso e acaba indo além do que imaginava.
Sem autorização da mãe, Raya, uma garota de aproximadamente 20 anos, vai com uma amiga viajar, influenciada pelo esposo de sua tia. Raya foi vendida pelo tio para traficantes da Bósnia, lá sendo violentada e escravizada sexualmente por colegas de trabalho de Kathryn Bolkovac. A policial começa a investigar este e outros casos de tráfico, violência e escravidão de mulheres, principalmente envolvendo profissionais da ONU.
A teoria do Hibridismo Cultural é dividida em três partes: desenraizamento, miscigenação e trocas culturais. O filme pode ser relacionado com esta teoria, mas nem todos seus pontos.
Raya sofre um desenraizamento, ou seja, ela saiu do lugar natal (Ucrânia) para viver em outro diferente, assim, tendo que se adaptar ao local e perdendo suas características de origem.
Já a miscigenação não acontece. Mesmo que contra a vontade, Raya e as outras mulheres se envolvem com os policiais, mas não geram crianças, não ocorrendo, então, a miscigenação.
As trocas culturais, como já diz o nome, acontece quando há compartilhamento de culturas. Um povo transfere sua cultura para outro e vice-versa. No filme apresentado há parcialmente essa troca. Os agressores transferem sua cultura para as vítimas, porém não ocorre o contrário, pois os policiais não dão espaço para que isso aconteça.
A teoria dos Choques Culturais é denominada pelo estranhamento do indivíduo quando presente em um local cultural divergente ao seu. Raya sofre esse choque cultural, pois a Bósnia e os policiais-agressores tem uma cultura que foge dos seus princípios. Assim, a garota tem dificuldade em se encontrar no país.
A garota Raya, quando descoberto que queria depor no tribunal contra o tráfico e violência de mulheres, foi assassinada pela autoridade do local em que vivia.
O tráfico de pessoas cresce cada vez mais, tanto na Bósnia quanto no resto do mundo. A Bósnia, atualmente, faz parte do Centro Internacional para o Desenvolvimento de Políticas Migratórias (ICMPD), uma organização criada, basicamente, para dar suporte aos migrantes. Na ICMPD há seis áreas temáticas, uma delas o tráfico de pessoas. Se a Bósnia faz parte dessa organização, por que não estão sendo cumpridas as leis? Mesmo depois de uma situação que repercutiu a ponto de se tornar livro e filme envolvendo as Nações Unidas, nenhuma atitude foi tomada. Os policiais envolvidos não sofreram nenhum tipo de punição. A Bósnia, para ter uma imagem melhor, até mesmo para crescer econômica e culturalmente, tem que começar a procurar soluções para problemas como esse, antes que mais pessoas sejam traficadas, violentadas e mortas.
(Matéria escrita em 4 de maio de 2015)
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